Projetos

Autonomia Local

A Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário foi convidada pela Associação Comunitária da Jangada e o Movimento Águas e Serras de Casa Branca para atuação conjunta no projeto de doações humanitárias com os recursos doados por Steelworkers Humanity Fund (USW). O objetivo do projeto era fortalecer os laços comunitários e a capacidade das pessoas de elaborar o trauma vivido por meio da construção da autonomia local. Além disso, o projeto visava promover o alívio da pobreza, a defesa dos direitos humanos e a assistência às vítimas do desastre.

No dia 09 de setembro de 2019, durante reunião da equipe do projeto na Igreja Matriz de Brumadinho, foram selecionadas seis comunidades para serem beneficiadas pelo projeto, quando ficou decidida a distribuição de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para: Parque da Cachoeira, Pires, Tejuco, Jangada, Acampamento Pátria Livre e Guarda de Congado e Moçambique das Comunidades Quilombolas de Marinhos e Sapé.

O Projeto foi executado em duas visitas em cada comunidade, sendo que na primeira apresentamos a proposta de doação e fizemos uma chuva de ideias, a partir do levantamento das possibilidades de aplicação dos recursos. No segundo encontro, por sua vez, as comunidades apresentaram suas prioridades, orçamento e planejamento das ações, momento em que foi entregue o dinheiro. Na abertura de todos os encontros foi realizada uma roda de apresentação e expressão de sentimentos. Montávamos um altar com símbolos de luta. Foram momentos fortes, com choro, desabafo, solidariedade e compartilhamento de esperanças

Projeto de Energia Solar no Acampamento Pátria Livre

O Acampamento Pátria Livre, organizado junto ao Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), está localizado às margens do Rio Paraopeba, em São Joaquim de Bicas (MG), uma das várias comunidades ribeirinhas que tiveram suas vidas afetadas pelo rompimento da barragem da Vale S.A, em Brumadinho. Cerca de 450 famílias do acampamento vivem da produção de alimentos saudáveis a partir dos princípios da agroecologia.

Uma das principais reivindicações do acampamento, principalmente após o rompimento, é o acesso à energia, o que irá melhorar muito as condições de vida das famílias. Essa demanda está sendo possível, em parte, a partir de uma doação da Fraternidade São Francisco de Assis (FFA), da Diocese de Oeiras, no Piauí, que também sofrem com os impactos de grandes empreendimentos, no caso, da “Ferrovia Transnordestina”, e lutam junto às comunidades de agricultoras e agricultores familiares. Sensibilizada pelo sofrimento das comunidades atingidas pela mineração, a Fraternidade entrou em contato com Dom Vicente, bispo referencial para a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário, e ofereceu uma doação.

Nasce assim o projeto de instalação de energia solar para eletrificar as áreas coletivas do Acampamento Pátria Livre, o posto de saúde, a secretaria da área, o comércio e a Escola Elisabeth Teixeira. A produção de energia a partir dos raios solares por meio de placas fotovoltaicas é uma tecnologia ainda pouco utilizada no Brasil, mas com grande potencial. A geração de energia solar não utiliza nenhum tipo de combustível e não envolve emissões de gases de efeito estufa, por isso é considerada uma fonte de energia com potencial para sustentabilidade.

Assistencia Emergencial

No imediato pós-crime em janeiro de 2019, a Arquidiocese de Belo Horizonte, na Sede do Vicariato Episcopal para Ação Social e na Igreja Matriz da Paróquia de São Sebastião, recebia em média de 4 a 5 caminhões carregados de donativos, diariamente. Uma das ações mais imediatas foi a organização e a distribuição das doações, com a ajuda de vários voluntários internos e externos. Os atendimentos sociais contavam com o seguinte fluxo: acolhimento, atendimento, preenchimento do cadastro, identificação de demandas, realização de doações, e, uma semana depois, eram realizadas visitas na casa das famílias que tinham recebido as doações para compreender a situação em que essas se encontravam.

Passados três meses, a partir de abril de 2019, as ações de atendimento, organização e distribuição das doações foram encerradas. Tal fato se deu em função das famílias da cidade começarem a receber o auxílio emergencial financeiro por parte da Vale S.A, responsável pelo rompimento da barragem. Esse auxílio foi determinado pelo juíz da causa, que reconheceu a população de Brumadinho como atingida pelo crime cometido.

De todo modo, quando a Igreja recebe doações eventualmente (e em menor volume), são realizados encaminhamentos de necessidades básicas, sendo esse tipo de ação um dos eixos de atuação da RENSER na região, seja de forma mais pontual com famílias que necessitam desse apoio, seja no caso de demandas de natureza coletiva, como por exemplo, as comunidades dos Pataxó, quilombolas e acampamentos Pátria Livre e Zequinhas do MST.

Coletivo dos Atingidos

Entendendo a estratégia de divisão das comunidades implementada pela VALE S. A. para criação de conflitos internos, a equipe de trabalho da RENSER identificou a necessidade de criar o Coletivo Arquidiocesano de Atingidos pelo Crime da Vale em Brumadinho. O grupo é composto por lideranças e representantes de todas as comunidades que possuem relações com a equipe da Arquidiocese de Belo Horizonte que atua na região, sendo elas: Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira, Monte Cristo, Assentamento Pastorinhas, Tejuco, Pires, Acampamento Pátria Livre (MST), Comunidade Quilombola do Sapé, Comunidade Quilombola de Marinhos, Comunidade Quilombola de Rodrigues, Comunidade Quilombola de Ribeirão, Comunidade Indígena Pataxó, Jangada, Ponte das Almorreimas, Mário Campos e AVABRUM (Associação dos familiares de vítimas e atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão).

Os integrantes são lideranças nas suas comunidades e lutam cotidianamente pela garantia de direitos nas suas respectivas comissões de atingidos. A criação do grupo busca o fortalecimento das lideranças comunitárias, assim como a construção de pautas coletivas que viabilizem a união das comunidades, independentemente de suas especificidades e diferenças. Só a união e a coletividade podem garantir uma reparação integral para todos os atingidos. As reuniões acontecem uma vez por mês, no Santuário Nossa Senhora do Rosário, sede da Cúria Regional em Brumadinho. São espaços onde podemos, juntos, pensar estratégias coletivas de resistência às violações de direitos por parte da empresa causadora.

Projetos PUC

Os projetos desenvolvidos pela PUC-Minas e RENSER fazem parte do Programa PUC Minas e Brumadinho: Unindo Forças. O objetivo é contribuir para o enfrentamento de problemas sociais, econômicos, culturais e ambientais ocorridos na bacia do Rio Paraopeba, decorrentes do rompimento da barragem de rejeitos da Mineradora Vale, em Brumadinho.

A atuação está concebida a partir das diretrizes que balizam a extensão universitária (indissociabilidade com as demais atividades-fim, interação dialógica, multi, inter e transdisciplinaridade, impacto na formação, contribuição para o desenvolvimento da sociedade, produção e democratização do conhecimento e vinculação às áreas de conhecimento da Universidade) e reafirma o papel essencial do dialogismo com as populações atingidas, que tiveram inúmeros direitos violados.

As propostas de ação de extensão estão organizadas segundo os eixos descritos na sequência: educativo/lúdico, gestão, jurídico-contábil, psicossocial e sociocomunitário, saúde animal, saúde humana e socioambiental. Desde 2019 são realizados diversos projetos em parceria da PUC Minas com as comunidades de Brumadinho e o apoio da Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário. Segue abaixo tabela com os projetos que serão desenvolvidos no ano de 2021:

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Festival Pontes das Almorreimas

No dia 15 de dezembro de 2019, foi realizado o primeiro Festival da comunidade de Ponte das Almorreimas, organizado pelas lideranças locais. Desde o rompimento da barragem, a comunidade vem vivenciando os impactos negativos do crime. A implantação da Fazenda Fauna e a obra de uma adutora da Copasa na região, por exemplo, afetaram profundamente o cotidiano do modo de vida local.

A principal relevância do projeto, depois de um ano de tantas dores, perdas humanas, e esfacelamento de relações sociais, foi trazer o fortalecimento de vínculos comunitários. A proposta veio dos próprios moradores, que se organizaram a fim de realizar uma festa comunitária para o fortalecimento da rede de solidariedade local, do resgate de tradições e memórias culturais e arrecadação de recursos para a constituição da Associação da comunidade.

O Festival foi repleto de música, arte, culinária, cultura, abraços e encontros que, segundo os próprios moradores, foram fundamentais para que eles seguissem a luta pela garantia de direitos e se sentissem empoderarados para seguirem unidos em prol da comunidade.

Lar dos Idosos

O Lar dos Idosos Padre Vicente Assunção, Obra Unida a Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), é uma associação de direito privado, filantrópica, beneficente, sem fins lucrativos, de assistência social, com natureza de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), de duração por tempo indeterminado, com personalidade jurídica distinta de seus membros.

A partir de contato feito por representante da RENSER – Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário em 14/05/2019, a instituição empenhou-se para desenvolver um projeto, no qual descrevia as principais necessidades e gargalos enfrentados pela casa.

Após análise e aprovação do projeto, a Sra. Edite Campos, Governadora 2018/2019 Rotary Distrito 4760, entrou em contato com o Lar dos Idosos demonstrando interesse em contribuir para o trabalho da instituição, iniciando assim uma parceria que dura até os dias atuais.